O mundo no Metaverso: o que vem por aí? Este foi o tema que iniciou a programação do segundo dia do evento, o TDWC que ocorreu entre os dias 10 a 12 de maio. O evento reuniu especialistas em inovação para antecipar o conhecimento sobre tecnologias que farão parte da nossa rotina futuramente. Desde então, venho construindo este conteúdo e gostaria de compartilhar minha perspectiva sobre essas tendências com vocês.
Mas antes de comentar sobre os diversos insights que eu tive, gostaria de explicar rapidamente o que é este conceito de Metaverso que provavelmente você já ouviu falar, pois o termo se popularizou em outubro de 2021, após o Facebook apresentar a nova marca da empresa como Meta, com a proposta de evoluir as conexões sociais.
Afinal, o que é Metaverso? A ideia do Metaverso, assim como a internet, não nasceu recentemente. Este termo surgiu em 1992, em um livro de ficção científica chamado Snow Crash de Neal Stephenson, onde a palavra se referia a um mundo virtual em 3D, habitado por avatares de pessoas reais.
1. Metaverso
O Metaverso é um mundo alternativo (estruturado por blockchain), baseado nas tecnologias de realidade virtual, realidade aumentada, realidade mista e web 3.0 (recomendo assistir ao vídeo do canal Jovens de Negócios para uma explicação mais detalhada sobre os termos). Dentro deste universo é possível criar avatares, para se conectarem de qualquer parte do mundo, possibilitando interagirem e criarem conexões com outros usuários que utilizam esta rede em tempo real, mas cada um com sua presença individual.
No universo dos games este conceito já tinha sido criado através do jogo Second Life, desenvolvido pelo Philip Rosedale. Mas foi apenas em 2003 que se tornou popular, atingindo cerca de 1 milhão de usuários. Ainda no mundo dos jogos, a empresa Epic Games (desenvolvedora de jogos como o Fortnite) também já investiu nessa ideia desenvolvendo o MetaHuman Creator, uma plataforma para criar seu próprio avatar, aproximando o mundo físico ao digital, gerando experiências aos usuários. Em 2019 o designer de moda francês Nicolas Ghesquière (diretor de criação da casa Louis Vuitton desde 2013) e a empresa Riot Games fizeram uma parceria e o designer assinou uma coleção especial de skins para o jogo League Of Legends.
Assim como foi comentado pelos palestrantes do evento, Caroline Dalmolin (Head e Product Partnerships na Meta) e Luiz Pacete (jornalista e Head de conteúdo e inovação), o desenvolvimento do Metaverso promete mudar o panorama da tecnologia e estabelecer tendências no setor. Se observarmos o movimento que algumas empresas multinacionais estão fazendo, investindo bilhões de dólares para se adaptar à tecnologia e à cibersegurança, indica a aposta que o Metaverso será a revolução do futuro digital. Empresas como Walmart, Disney, McDonald’s e Microsoft já estão ativas dentro deste novo ambiente. Em um artigo publicado pela Gates Notes em dezembro de 2021, Bill Gates (fundador da Microsoft) afirmou que em três anos, todas as reuniões de negócios acontecerão dentro do Metaverso. O maior desafio atualmente, além da limitação técnica de mão de obra, é a interoperatividade que as empresas precisam adaptar neste ecossistema.
2. Influenciadores virtuais
No início do mês de abril, a streamer e apresentadora de games Nyvi Estephan, anunciou a chegada de sua irmã no Metaverso, a Nalla Estephan, tornando-se a primeira apresentadora gamer dentro do ambiente digital.
Além de Nalla Estephan, podemos citar inúmeras marcas que já possuem seus próprios avatares, como a primeira influenciadora virtual do país, conhecida como Lu, do Magalu, que foi desenvolvida em 2003 e que atualmente é considerada um dos cases mais famosos do Brasil referente às assistentes virtuais. Além delas, temos a Iana, da Havaianas, a Dai da Dailus, o CB das Casas Bahia e também celebridades que criaram os avatares virtuais com características idênticas ao “original”, como a Sabrina Sato que criou a Satiko, uma influencer digital.
E qual objetivo de criar essa personificação dentro de um ambiente digital? A resposta é simples: estabelecer uma aproximação com o público e ampliar o relacionamento da marca e/ou influencer. Porém, diferente dos seguidores e fãs dos criadores de conteúdo, os consumidores das empresas recebem um atendimento personalizado através das assistentes virtuais, gerando uma interação direcionada, oferecendo soluções e dando suporte nas compras com uma comunicação assertiva.
Segundo Maria Fernanda Albuquerque (VP Global de Marketing Havaianas), desde o nascimento da Iana, a marca se preocupava em como ela poderia refletir no lifestyle da Havaianas. E como uma boa millennial, ela está sempre por dentro de tudo o que rola nas redes sociais e conversa com facilidade com qualquer geração. Esta solução para otimizar as experiências dos usuários com a marca, atingiu mais de 400 mil pessoas sendo atendidas através do site ainda no início da implementação da assistente virtual em 2020.
3. Cores e moda virtual
A terceira tendência é a consequência dos conceitos apresentados anteriormente: os avatares humanizados e o Metaverso. Se um dos objetivos dos avatares é a representação do ser humano dentro do ambiente digital, podemos ressaltar a importância da construção de uma identidade visual, onde cada indivíduo pode se diferenciar dentro deste ambiente. Afinal, no mundo físico ou virtual as pessoas transmitem uma mensagem de identificação e status através do seu estilo. O que nos traz para o terceiro e último insight deste artigo: as cores digitais e a moda virtual.
Mas antes de nos aprofundarmos no tema, é preciso analisarmos como este processo de construção se baseou. Como foi comentado anteriormente, um dos principais fatores para este conceito ser criado, foi devido a customização dos avatares no Metaverso através da moda. Algumas marcas já apostaram nesta tendência com objetivo de se aproximarem com as gerações mais novas, como por exemplo a grife italiana Moschino que assinou uma collab com a The Sims e a Nike que anunciou recentemente a coleção exclusiva para o Metaverso.
Conhecidas como skins pelos gamers, as peças simbolizam o status do personagem no jogo, além de trazer estilo e personalidade aos jogadores, diferenciando-os uns dos outros. A implementação de uma estratégia Omnichannel proporciona ao consumidor uma oportunidade na experiência de compra, fazendo com que o usuário consiga ter contato com mais de um canal de venda, consumindo os produtos no mundo físico e no mundo virtual. Segundo uma pesquisa da BCG, 1 em cada 2 consumidores já comprou artigos de luxo dentro do universo dos games e, destes, 86% compraram a versão física correspondente desse objeto.
É fácil imaginar que este padrão de consumo irá refletir na sociedade como um todo, após o Metaverso se tornar mais acessível. Se as pessoas começarem a buscar nas lojas as roupas e acessórios que veem quando estão imersivas no Metaverso, será um movimento natural a procura de peças com cores saturadas e vibrantes, afinal são as cores digitais (conhecidas por RGB) que nós estaremos acostumamos a consumir, através das telas ou até mesmo do óculos de Realidade Virtual.
Segundo o Pinterest Predicts 2022 (relatório anual de pesquisas realizadas no Pinterest global), no período de outubro de 2019 a setembro de 2021, o índice por “roupa cores fortes” aumentou em média 16 vezes e já o termo “roupa azul vibrante” apontou um crescimento de 140%. O que aponta os primeiros passos desta tendência através dos consumidores atuais.
Essa foi minha percepção sobre este tema tão complexo e que divide opiniões sobre o caminho que a tecnologia está traçando. E você, acredita que no futuro teremos uma comunidade de avatares humanizados convivendo dentro do Metaverso?
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Emanuelle Gomez | @manugome_z
Designer, especialista em design estratégico e inovação, apaixonada por tendências de consumo e experiência do usuário.
Conteúdo incrível, parabéns!